sábado, 22 de novembro de 2008

Querubins

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Entra e senta
Fecha em mim

Muda e lenta
Fecha em mim

Quem enfrenta
Pede o fim

Se não tenta
Querubim

Cada nosso tem um canto
E esse canto é todo nosso

Perde o medo do encanto
Qu'eu te tenho como posso

Mesmo longe te aperto
Mesmo incerto se te posso

Cala tudo e vai pra dentro
Pr'esse canto que te toco

domingo, 9 de novembro de 2008

Teu sul é meu norte de novo

Deus escreve certo por estradas brasileiras
E não há linha mais torta do que a do tempo

"Tudo que sobe tem que descer"
Também funciona pra rosa-dos-ventos

Das correntes do Rio chego ao seu Porto
E que Alegre será meu Janeiro!

sábado, 8 de novembro de 2008

Isso é um pedido

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Eu e ela numa cachoeira
Na natureza a simplicidade da entrega dos amantes
Revela sua beleza
Nela isso faz sentido

Meu mergulho é aos poucos
Sentindo e aceitando a água fria
Parte a parte do meu corpo

À frente a água escorrendo pelas pedras sem resistência
Me inspira e ensina a convidá-la para perto
E sem resistência meu olhar recebe sua beleza
E eu agradeço por ter sido tão afetado

Achá-la tão bela
Dissolve qualquer culpa em desejá-la
E eu faço isso livre

Curtir juntos ganha importância exclusiva
A cachoeira parece ter sido criada
Para nós acontecermos ali

O beijo não acontece
Ele não é necessário
A beleza reside na certeza do desejo mútuo
Que se manifesta sem convenções

Nos aproximamos
E nos afastamos
E tornamos a nos aproximar
E a sedução tem um sentido em si

Mergulhamos nela juntos
E nadamos por tempo incalculado

Ali aconteceu tudo
E a água, as pedras e as plantas nos amaram

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Aos anjos solitários incompreendidos


para Aparecida

Aos anjos solitários incompreendidos
Que vivem discretamente
Observando as variadas e estranhas formas
Que o amor encontra para se fazer ouvir nesse mundo confuso

O quanto e como interferem na realidade
É para eles próprios um mistério
Aprisionando-os na dúvida
Do afetar e ser afetado aleatório

Cautelosos e confusos com as palavras
Recorrem à clareza precisa dos olhares
E conversam com as folhas e as ondas
Por lhes responderem honestas

Há de chegar a hora
Em que o vosso óbvio será também o nosso
E quando tudo for esclarecido
Será tão lindo
Que o perdão florescerá sem esforço algum

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Busco a solidão para fugir da minha presença
Abandono tudo antes de tentar construir
Onde quer que vá carrego comigo o desconforto e compartilho-o

Fujo da minha presença para poder me encontrar com ela
Só que de uma forma carinhosa
Os afobados e os inquietos me assustam
E me seduzem a dar logo

A pressa sempre me deu em excesso
Ou construiu forte demais
E às vezes eu só consigo entender os outros
Quando estou sozinho